Curso Online de Ética e responsabilidade profissional

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A proposta desse curso é refletir sobre a ética e a responsabilidade profissional, como uma introdução ao tema para pessoas que desejam conhecer as ideias sobre ética e moralidade nas profissões.

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  • Ética e responsabilidade profissional

  • 1 A crise de valores na sociedade e a ética

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    No século XX, a ciência e a tecnologia transformaram rapidamente os costu- mes, produzindo novas formas de transporte, automação e comunicação eletrônica. O modelo de trabalho também sofreu alterações, já que a informática e os autômatos utilizados nas fábricas deram origem à linha de montagem e à produção em série, fazendo com que os índices de produtividade aumentassem consideravelmente. Aviões, rádios, televisão, internet e satélites são exemplos da produção desse período. Com essas novas tecnologias, os negócios tornaram-se globais.
    De acordo com Lipovetsky (2005, p. 61), o período moderno, no qual essas trans- formações estão inseridas, “tornou-se uma revolução, uma ruptura nítida na trama do tempo, uma descontinuidade entre o antes e o depois e afirmação resoluta de uma outra ordem”. É interessante perceber que, segundo Hobsbawm (apud BOFF, 2003), a quantidade de mudanças ocorridas desde a Idade da Pedra até a modernidade é muito inferior àquelas dos últimos 50 anos. Tudo isso evidencia a importância desse período para a humanidade, podendo ser considerado um marco em nossa história.

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  • A crise de valores na sociedade e a ética

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    Lipovetsky (2005, p. 62) afirma que a “fórmula paradoxal do modernismo destrói e desvaloriza implacavelmente o que ela institui, o novo se torna rapidamente antigo, não se afirma mais nenhum conteúdo positivo e o único princípio que comanda é a própria mudança”. Em outras palavras, as transformações trazidas pela modernidade não foram apenas benéficas. Com o passar dos anos, os aspectos negativos ficaram mais evidentes. A revolução moderna gerou, então, um individualismo ilimitado, hedonista.
    Com o crescimento da sociedade consumista, o consumismo individualista, símbo- lo da revolução moderna, tornou-se um comportamento usual, em massa, sustentando o capitalismo.
    Sobre isso, Lipovetsky (2005, p. 64) revela:
    Com a difusão em larga escala de objetos considerados até então de luxo, com a publicidade, a moda, a mídia de massa e, principalmente, o crédito cuja instituição solapa diretamente o princípio da poupança , a moral puritana cede lugar aos valores hedonistas encorajando a gastar, a aproveitar a vida, a ceder aos impulsos: a partir da década de 1950, a sociedade americana e até mesmo a europeia se tornam fortemente presas ao culto do consumismo, do ócio e do prazer. A ética protestante foi minada não pelo modernismo, mas, sim, pelo próprio capitalismo. O maior instrumento de destruição da ética protestante foi a invenção do crédito. Antes era preciso primeiro economizar para depois comprar. Mas com o crédito tornou-se possível satisfazer imedia- tamente todos os desejos.
    O autor ainda afirma que a realização do eu tornou-se um princípio axial da cultura
    moderna. Para ele, a sociedade moderna está
    fragmentada, não tem mais característica homogênea e se apresenta como a arti- culação complexa de três ordens distintas a técnico-econômica, o regime políti- co e a cultura obedecendo cada qual a um princípio axial diferente, até mesmo adverso. Essas esferas “não estão conformes umas com as outras e apresentam ritmos diferentes de mudança. Obedecem a normas diferentes, que justificam comportamentos diferentes e até mesmo opostos. As discordâncias entre essas esferas são responsáveis por diversas contradições da sociedade”.
    Lipovetsky (2005, p. 64-65) também explicita que
    A ordem “técnico-econômica” ou “estrutura social” (organização da produção, tecnologia, estrutura socioprofissional, divisão de bens e serviços) é regida pela racionalidade funcional, quer dizer, pela eficiência, pela meritocracia, pela uni- dade e pela produtividade. Em troca, o princípio fundamental que rege a esfera do poder e da justiça social é a igualdade: a exigência de igualdade não cessa de se ampliar e não mais se refere apenas à igualdade de todos diante da lei ao su- frágio universal, à igualdade das liberdades públicas, mas também à “igualdade dos meios”(reivindicação de igualdade de chances, explosão de novos direitos sociais relativos à educação, à saúde, à segurança econômica) e até mesmo à “igualdade de resultados” (exames especiais às minorias a fim de remediar a

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    disparidade dos resultados, demanda de uma participação igual de todos nas decisões concernentes ao funcionamento de hospitais, universidades, jornais ou bairros: é a era da “democracia da participação”).
    Lipovetsky (2005, p. 65) vê, assim, uma “disjunção das ordens, uma tensão estrutural entre três ordens fundadas sobre lógicas antinômicas: o hedonismo, a eficiência, a igualda- de”. Para esse autor, a crise das sociedades modernas é, antes de tudo, cultural e espiritual.
    Essas transformações, somadas à crescente explosão demográfica e à urbanização, fo- ram responsáveis pelas mudanças no estilo de vida e nos relacionamentos entre as pessoas. A sociedade moderna também trouxe modificações importantes no que diz respeito aos valores e aos princípios morais que utilizamos para compreender e viver em uma sociedade.
    Boff (2003) acredita que se vive, neste momento, uma crise mundial de valores, pois a maneira como as pessoas estão agindo atualmente demonstra que as noções de certo e errado se perderam. O projeto moderno da certeza, da objetividade, não se realizou comple- tamente, a incerteza diariamente presente nos faz sentir uma insegurança que, por sua vez, gera tensão nas relações sociais.
    O modelo modernista dá ênfase ao mercado, implementando a lógica da competição, que gera exclusão e falta de cooperação entre os seres humanos. Sobre isso, Boff (2003, p. 32) afirma que
    a cultura dominante é culturalmente pluralista, politicamente democrática, eco- nomicamente capitalista e, ao mesmo tempo, é materialista, individualista, con- sumista e competitiva, prejudicando o capital social dos povos e precarizando as razões de estarmos juntos. Com muito poder e pouca sabedoria, criaram o prin- cípio da autodestruição. Pela primeira vez podemos liquidar as bases de sobre- vivência da espécie, o que torna a questão ética (como devemos nos comportar) premente e inadiável.
    Boff (2003, p. 28) identifica duas fontes que ainda orientam a ética e a moral das socie- dades nos dias atuais: as religiões e a razão. Para ele,
    as religiões continuam sendo os nichos de valor privilegiados para a maioria da humanidade [...] a religião é uma força central, talvez a força central que motiva e mobiliza as pessoas. O que em última análise conta para as pessoas não é a ideologia política nem o interesse econômico, mas aquilo com que as pessoas se identificam são as convicções religiosas, a família e os credos.
    Por meio da razão, tentou-se instituir códigos éticos universalmente válidos. Para Boff (2003), a fundamentação racional da ética e da moral (ética autônoma) representou um esfor- ço admirável do pensamento humano desde os clássicos (como Sócrates, Platão, Aristóteles, Santo Agostinho, Tomás de Aquino), passando pelos pensadores modernos (como Immanuel Kant, Henri Bergson, Martin Heidegger, Hans Jonas, Jürgen Habermas, Enrique Dussel) e chegando aos filósofos contemporâneos (Henrique de Lima Vaz e Manfredo Oliveira). Boff (2003) acredita que a razão
    não é o primeiro nem o último momento da existência. Por isso não explica tudo nem abarca tudo. Ela se abre para baixo, de onde emerge de algo mais elementar

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    O termo crise transmite a ideia de uma situação difícil, que tem como resultado algo negativo. Normalmente, esse termo é associado a sentimentos de medo, tensão e até de- sespero. A ideia de crise dentro do contexto da ciência é abordada por Kuhn (1962) em A estrutura das revoluções científicas. Nessa obra, Kuhn explicita o conceito de paradigma e de desenvolvimento científico. É na prática científica que algumas regras e condutas estabeleci- das socialmente são familiarizadas. O conhecimento, a cultura e todas as formas de normas e padrões aceitos e utilizados no cotidiano de determinada comunidade são a essência da formação dessas regras e condutas. Kuhn chama de paradigma o modo de pensar, falar e agir de um membro dessa comunidade. Tudo isso servirá como um modelo de conduta quando problemas científicos forem defrontados.
    Kuhn também utiliza a expressão matriz disciplinar, composta de elementos ordenados, tais como: as generalizações simbólicas, os modelos, os valores e os exemplares. Quando algum problema ocorre, esse conjunto de princípios e de fundamentos é utilizado para so- lucioná-lo. As ações são, normalmente, baseadas no modelo de ciência normal, definida por Kuhn como a utilização dos conhecimentos adquiridos como forma rotineira de solução de problemas, sem que haja um questionamento dos paradigmas utilizados para isso.
    Muitas vezes, no entanto, as soluções desejadas não são encontradas, pois o conheci- mento que se tem não é suficiente para solucionar os problemas que se apresentam. Quando o número de problemas cresce e começa a colocar em dúvida a validade desses conhecimen- tos (o paradigma), a crise se estabelece. Com a crise, novas teorias, paradigmas, formas de pensar e de agir se instauram.
    Convive-se, então, com a insegurança e com a instabilidade teórica e prática. Conhecido como período de ciência extraordinária, oportuniza a revolução científica, ou seja, é um mo- mento de mudança de formas de pensar, agir, falar. A crise, para Kuhn, é algo único, pois é nela que se pode avaliar a verdadeira capacidade de as pessoas enfrentarem a mudança.
    O papel da crise na história das mudanças de pensamento e de ações no mundo é, portanto, positivo, pois com ela é possível modificar a forma de agir, pensar e falar de uma sociedade, que passa a aceitar um novo paradigma. Assim, a crise pode ser uma maneira de retornar às raízes dos valores, dos princípios, além de ser um convite a uma profunda reflexão sobre como os valores morais e éticos são construídos.
    Vamos analisar, na sequência, os tipos de crise.

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    e ancestral: a afetividade. Abre-se para cima, para o espírito, que é o momento em que a consciência se sente parte de um todo e que culmina na contemplação e na espiritualidade. Portanto, a experiência de base não é: “penso, logo existo”, mas “sinto, logo existo”. Na raiz de tudo não está a razão (logos), mas a paixão (pathos).
    Boff (2003, p. 29) também afirma: “a crise cria a oportunidade de irmos às raízes da ética e nos convida a descermos àquela instância na qual se formam continuamente os valores”.
    1.1 A crise

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    Câmara (apud ZILLES et al., 1992, p. 32) descreve valor como “o próprio ser, visionado racionalmente, numa perspectiva teleológica, em livre posicionamento de conformidade dos dinamismos do ser com seus fins”. Já para Zilles (1992, p. 33), valor é a conjugação da liber- dade com a exigência, com o desejo da vontade que quer o bem e clama pela sua realização.
    O homem é um ser que sente necessidade de cuidado e zelo. É carente, precisa apren- der tudo, trabalha de maneira criativa para permanecer e sobreviver. De acordo com a

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    1.1.1 Síndrome da substituição
    Na sociedade da era moderna, tudo é descartável, até mesmo as pessoas e os relacio- namentos. Tudo é usado e jogado fora em seguida (MORIN, 2005). Compramos em excesso com a justificativa de aproveitar a oportunidade. Esse comportamento recebe o nome de síndrome do descartável, remetendo às embalagens de refrigerantes, de leite, de alimentos, entre outros.
    Presenciamos, dessa forma, a cultura do excesso. Compramos, acumulamos, desejamos sempre mais para guardar, acumular, ter. Não é suficiente ter apenas uma televisão, um rádio, um computador, é preciso ter três ou mais. A acumulação compensa a solidão de espírito. Esvazia-se o ser para substituí-lo pelo ter.
    1.1.2 Síndrome da pressa
    Segundo Morin (2005), a síndrome da pressa é outro mal da sociedade moderna, assim como a síndrome da vigília e do ato de plugar. Lojas abertas 24 horas, bares, boates. As pessoas estão sempre prontas para fazer algo, para que os olhos permaneçam abertos, aproveitando a vida dia e noite. O barulho é necessário para ocuparmos nosso pensamento. Não há tempo para refletir. O desenvolvimento das pessoas, dos animais e das situações de convivência humana é acelerado. Essa é a globalização em todos os seus sentidos.
    1.1.3 Crise da razão
    Outra crise que atormenta a modernidade é a crise da razão, da racionalidade, da re- flexão, resultado da tentativa de criar uma ética sem fundamento, sem reflexão, a ética da estética, do prazer absoluto, independente dos outros.
    Essa crise de valores, da razão e da sociedade é a crise dos fundamentos morais e éti- cos. Segundo Morin (2005, p. 27), ela produz e é produzida pelo aumento da deterioração do tecido social; enfraquecimento da solidariedade; fragmentação e dissolução da respon- sabilidade social; desenvolvimento do egocentrismo; desativação do vínculo entre o indiví- duo, espécie e sociedade; desmoralização da sociedade, do indivíduo e a supervalorização do dinheiro.
    1.2 Os valores

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    definição antropológica do termo, a cultura é resultado das transformações que o homem realiza no mundo.
    Heidegger desenvolve a teoria do ser, segundo a qual o ser humano é um ser no mundo, ou seja, ele é um ser em um mundo que já existe e tem outro objetivo além de realizar coisas: alcançar a felicidade. Não vem ao mundo, portanto, com um projeto pronto para a vida. Por isso, ele precisa ser educado e formado constantemente para enfrentar o mundo. Sua busca pela felicidade é uma tensão essencial entre satisfazer suas necessidades (como o prazer, a saúde, o bem-estar, a paz, a justiça, o amor, a felicidade) e a obrigação com sua consciência e com o meio que o circunda. Para atingir esse objetivo, o ser humano fundamentou-se na ciência. O relacionamento dos homens com o mundo da vida (expressão encontrada em Habermas que denomina as coisas que já existiam antes de o ser existir) e com o universo, mediante a ciência, é dado pelos valores, pelos ideais e pelos princípios.
    A situação real, concreta e objetiva, o sujeito em elaboração subjetiva e a resposta com- prometida e de caráter operativo são elementos que orientam o ato de atribuir valor à ex- periência. Esse valor é incorporado em um processo dinâmico; é vivido pelo sujeito que se enriquece e se valoriza em uma integração que acontece do interior para o exterior. A pessoa passa a ser portadora do conhecimento do dinamismo de valoração pelo seu modo de agir, na sua caminhada própria em um mundo de relações. O valor também está circunscrito na relação que estabelece a característica pessoal do sujeito e a construção social. Todo valor possui uma essência estabelecida em uma escala pessoal que se manifesta pela existência em potência e atos.
    Os valores podem ser divididos em existenciais, estéticos, intelectuais, morais e religio- sos, os quais estão caracterizados a seguir.

    1.2.1 Valores existenciais
    São aqueles que têm uma relação direta com a nossa permanência como seres humanos e também com a possibilidade da vida no planeta Terra. Representam a dignidade e a igual- dade entre os seres humanos. Podem ser vitais ou econômicos.
    1.2.2 Valores estéticos
    Estabelecem relação com a subjetividade e a manifestação do eu do indivíduo na cons- trução de sua personalidade e de seu autoconceito. Os valores estéticos podem ser sensoriais ou artísticos.
    1.2.3 Valores intelectuais
    Podem ser científicos ou culturais. Demonstram todo o potencial do ser humano em re- lação ao meio de transformação e de trabalho, produzindo a cultura, ou seja, eles compõem a capacidade do ser humano de produzir sua própria forma de sobrevivência. Essa tarefa de construção por meio do trabalho e da técnica produz o conhecimento científico.

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    1.2.4 Valores morais
    Podem ser éticos ou sociais e são ligados à formação do indivíduo e da comunidade, pois envolvem os princípios morais, os contextos sociais e as necessidades do indivíduo como membro de um grupo social.
    1.2.5 Valores religiosos
    Esses valores estão relacionados com as formas de crenças, fé e esperança que temos para que possamos nos realizar como seres humanos na medida em que realizamos os prin- cípios de Deus na Terra. Os valores religiosos podem ser divinos ou profanos.
    Os determinantes dos valores

    Família
    Estrutura holística composta de partes inter-relacionadas e interdependentes, isto é, as partes contribuem para o funcionamento do todo. Como agente primário da sociali- zação, a família deve ser o espaço no qual as crianças adquirem os primeiros princípios morais e em que descobrem valores, atitudes e comportamentos considerados adequados e aceitos pela comunidade.
    1.3.2 Escola
    Tem papel importante no desenvolvimento e no processo de socialização da criança. A escolarização deve oferecer espaços e situações para o progresso cognitivo, social e mo- ral, mediante práticas sociais e morais. Além de promover a construção do conhecimento, a escola propicia o aprendizado de regras, normas e princípios que devem ser respeitados dentro da sociedade.
    1.3.3 Cultura
    O contexto cultural em que vivemos afeta a forma como aprendemos e nos comporta-
    mos, como construímos conhecimentos, além de nossas crenças, costumes e tradições.
    1.3.4 Os meios de comunicação
    Exercem importante papel na formação e orientação das pessoas, pois funcionam como um elo entre sociedade, valores, princípios e a forma como o mundo produz maneiras mo- rais de avaliar os atos, os acontecimentos, pois informar significa ser formado.

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    1.3.5 Grupos de companheiros
    O grupo de amigos representa outro modo de socialização e aprendizagem de prin- cípios e normas dentro de uma sociedade. Há um universo novo de interações que ocorre nesses momentos de companheirismo. O contato com os amigos é decorrente das relações da escola, do bairro, do clube, da comunidade e ocupa grande parte do tempo de lazer e das atividades da escola.
    1.3.6 Fatores pessoais
    A personalidade, os interesses e a busca por modos pessoais de realização como sujeito dentro de um grupo social leva os indivíduos a descobrirem características pessoais que oportunizam momentos de desenvolvimento e de aprendizagem.
    1.3.7 Tempo
    No decorrer do tempo, e por meio do desenvolvimento psicossocial, o indivíduo cons- trói sua personalidade, sua autobiografia, seu autoconceito, preparando-se para enfrentar as novas etapas de sua vida e de seu desenvolvimento.
    1.4 Os fundamentos da moral e da ética
    As palavras ética, de origem grega (ethos), e moral, de origem latina (mos), significam, de acordo com o senso comum, a mesma coisa: caráter, costumes. São conjuntos de regras e preceitos que servem de base para a construção de um sujeito com bom caráter, que seja justo e obtenha a felicidade, praticando atos com virtude. A partir desses valores, o homem edifica-se de maneira íntegra e humana.
    Para compreender melhor os fundamentos da ética e da moral, é necessário estabelecer uma diferença entre esses dois termos: a moral está no âmbito do que devo fazer e a ética no nível do que desejo fazer. Também se diferenciam na dimensão do refletir sobre a formação do caráter moral e do refletir sobre a formação do caráter-ético.
    1.5 A crise dos fundamentos morais e éticos
    Situa-se na crise geral dos fundamentos da certeza apresentada como única alternativa na revolução moderna. A ciência trouxe a ideia de certeza, de um lugar seguro no qual pode- ríamos construir uma sociedade baseada na justiça e na igualdade e a educação para todos foi vista como uma promessa de melhoria da sociedade.

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    O desenvolvimento científico mostra um elevado avanço na área da medicina. Com a Revolução Industrial e o consumismo, houve uma maior oferta de trabalho e, consequen- temente, surgiu a necessidade da elaboração de leis trabalhistas que beneficiassem tanto empregados como empregadores. Mesmo com as mudanças que atingiram a sociedade naquele período, nem todos conseguiram comprar os bens necessários para sobreviver com dignidade.
    O campo tecnológico com invenções como o rádio, a televisão, a internet, o compu- tador, o fogão, o ar-condicionado, a geladeira e o carro contribuiu para o conforto dos cidadãos. No entanto, o que é presenciado atualmente, depois de todas essas mudanças, não é uma sociedade melhor para viver, como era de se esperar. Os benefícios da vida moderna concentram-se nas mãos de poucos. Ainda há miséria, filas para o atendimento à saúde, divisão de classes e exclusão.
    A crise da modernidade é a crise também da moral e da ética, isto é, a crise dos fun- damentos da sociedade. É necessário reconhecer que a sobrevivência da humanidade de- pende da religação dos seres humanos uns aos outros e à Terra-Pátria, conceito elaborado por Morin (2005). Sendo assim, a ética nunca está pronta, deve ciclicamente regenerar-se. Regenerar é a palavra-chave comum à vida, para Morin (2005, p. 200), “tudo o que não se regenera, degenera”.
    Para esse mesmo autor, o sentido da ética é “o da resistência à crueldade do mundo e da barbárie humana”. Seguindo esse pensamento, Morin também escreve que “o tempo de uma vida humana pode ser totalmente submetido à necessidade de sobreviver, ou seja, so- frer com o trabalho sem ter a garantia de gozar a vida, a não ser por flashes. Assim, em lugar de sobreviver para viver, vive-se para sobreviver” (MORIN, 2005, p. 202).
    Concluímos esse capítulo com o pensamento de Morin, sobre a crise dos fundamentos: “o progresso da ciência precisa estar ligado de forma indissociável ao progresso da ética e dos valores da vida” (MORIN, 2005, p. 207).
    Atividades
    De acordo com o texto, o que é crise de valores? Cite exemplos de valores que você considera fundamentais em uma sociedade.

    Conforme o que foi explicitado neste capítulo, o que é a “lógica da competição, que
    gera exclusão e falta de cooperação”?

    Em que consiste a ética e a moral? Qual é o papel desses valores na formação do
    ser humano?

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    Ampliando seus conhecimentos

    Ética e democracia em tempos de crise
    (REGO; PALÁCIOS, 2016, on-line)

    [] Existe uma ideia comum de que vivemos uma crise ética, ou uma crise moral, ou, ainda, uma crise de valores em nosso País. Na verdade, uma das razões para a indefinição sobre a “crise” está possivelmente na confusão que muitos fazem entre ética e moral e na sua relação com valores em geral. A fim de esclarecermos essa questão, afirmamos que entendemos a moral como as normas que nos são impostas pelo meio social em que vivemos, normas essas que são externas a nós. Temos, assim, diferentes normas morais, que podem ser religiosas ou profissionais, por exemplo. Já a ética é entendida como um discurso de segunda ordem sobre os problemas morais. Ou seja, a ética é uma reflexão crítica sobre a moral. Assim, não seria correto falar em código de ética profissional, mas em código da moral profissional. Todavia, essa dis- tinção está mais reservada para as discussões acadêmicas propriamente ditas, já que a distinção não é de uso corrente na sociedade em geral. Guardemos, pois, a distinção.

    Muitos associam essa crise moral a um partido político específico; outros, à democracia como um todo; outros, entretanto, preferem responsabilizar a natureza humana, o narcisismo, que cada vez mais se afirma como uma carac- terística da Pós-Modernidade. Enfim, há uma crise? Essa crise é brasileira? A crise é da humanidade, da Pós-Modernidade?

    Falemos inicialmente da ideia de crise. Seu significado, lato sensu, refere-se a qualquer alteração significativa no status quo de algo. Assim, pode-se falar em crise do crescimento, em geral, referindo-se às mudanças que ocorrem em um indivíduo em decorrência de seu crescimento (seja ele fisiológico ou não); crise de nervos, quando a estabilidade emocional de um indivíduo se vê aba- lada, seja em decorrência do que for; crise da meia-idade, crise do casamento e outras situações que envolvem indivíduos isoladamente. Mas temos, também, as crises sociais, que afetam coletividades, como a crise econômica, quando os parâmetros regulares de funcionamento e avaliação da economia são afe- tados de forma significativa; crise política, quando a estabilidade política de uma comunidade está alterada significativamente, e por aí vai. Mas podemos, também, referirmo-nos à crise ética, crise moral e mesmo crise de valores. Mas será que é pertinente e apropriado focarmos nossa reflexão em cima da ideia de crise como algo desestabilizador e com a concepção inerente de ameaça que ela frequentemente traz?


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