Curso Online de A PSICANÁLISE NO ESPORTE – UMA ABORDAGEM DA SUBJETIVIDADE EM MOVIMENTO

Autor: Fabrício cavalcante
2025

RESUMO

ESTE ESTUDO TEVE COMO OBJETIVO INVESTIGAR AS CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE PARA A COMPREENSÃO DOS PROCESSOS PSÍQUICOS INCONSCIENTES QUE AFETAM O COMPORTAMENTO, A PERFORMANCE E A SAÚDE MENTAL DE ATLETAS. A PESQUISA, DE NATUREZA QUALITATIVA E BIBLIOGRÁFICA, ANALISOU OBRAS CLÁSSICAS DE FREUD E LACAN, BEM COMO PRODUÇÕES CONTEMPORÂNEAS QUE ABORDAM A INTERFACE ENTRE PSICANÁLISE E ESPORTE. A PARTIR DA REVISÃO DE LITERATURA, OBSERVOU-SE QUE A PRÁTICA ESPORTIVA, EMBORA COMUMENTE ASSOCIADA AO CONTROLE CORPORAL E AO RENDIMENTO, É TAMBÉM ATRAVESSADA POR FANTASIAS INCONSCIENTES, TRAUMAS, REPETIÇÕES E DESEJOS QUE INFLUENCIAM DIRETAMENTE O SUJEITO-ATLETA.

A ESCUTA PSICANALÍTICA OFERECE UM ESPAÇO ÉTICO E CLÍNICO PARA A ELABORAÇÃO DESSES CONTEÚDOS, PERMITINDO AO ATLETA DESENVOLVER MAIOR CONSCIÊNCIA DE SI, RESSIGNIFICAR SUAS VIVÊNCIAS E LIDAR DE FORMA MAIS SAUDÁVEL COM AS PRESSÕES DO AMBIENTE ESPORTIVO. A PESQUISA CONCLUI QUE A PRESENÇA DA PSICANÁLISE NO ESPORTE PODE CONTRIBUIR NÃO APENAS PARA O DESEMPENHO, MAS PRINCIPALMENTE PARA O FORTALECIMENTO PSÍQUICO, EMOCIONAL E SUBJETIVO DO ATLETA, VALORIZANDO SUA CONDIÇÃO DE SUJEITO DE DESEJO, LINGUAGEM E HISTÓRIA.

PALAVRAS-CHAVE: PSICANÁLISE; ESPORTE; INCONSCIENTE; SUBJETIVIDADE; SAÚDE MENTAL; ATLETA.

INTRODUÇÃO: A PSICANÁLISE NO ESPORTE UMA ABORDAGEM DA SUBJETIVIDADE EM MOVIMENTO

A PSICANÁLISE, ENQUANTO TEORIA E MÉTODO CLÍNICO CRIADO POR SIGMUND FREUD NO FINAL DO SÉCULO XIX, PROPÕE UMA ESCUTA E INTERPRETAÇÃO DOS CONTEÚDOS INCONSCIENTES QUE ATRAVESSAM O SUJEITO EM SUA EXISTÊNCIA. HISTORICAMENTE VOLTADA AO TRATAMENTO DE NEUROSES E À COMPREENSÃO DA CONSTITUIÇÃO PSÍQUICA, A PSICANÁLISE ENCONTROU ESPAÇO EM DIFERENTES CAMPOS DA EXPERIÊNCIA HUMANA DA EDUCAÇÃO À ARTE, DA MEDICINA À POLÍTICA E, MAIS RECENTEMENTE, TAMBÉM NO CAMPO DO ESPORTE. O AMBIENTE ESPORTIVO, FREQUENTEMENTE IDEALIZADO COMO PALCO DE SUPERAÇÕES, RENDIMENTOS ELEVADOS E CONTROLE CORPORAL ABSOLUTO, REVELA, NA PERSPECTIVA PSICANALÍTICA, UMA CENA COMPLEXA ONDE CONFLITOS INTERNOS, PULSÕES, DESEJOS E TRAUMAS SE EXPRESSAM DE MANEIRA INTENSA E, MUITAS VEZES, SILENCIOSA.

NO ESPORTE CONTEMPORÂNEO, OS ATLETAS SÃO FREQUENTEMENTE SUBMETIDOS A PRESSÕES CONSTANTES, COMPETITIVIDADE EXACERBADA, EXIGÊNCIAS DE RENDIMENTO E IDEALIZAÇÕES MIDIÁTICAS, FATORES QUE IMPACTAM NÃO APENAS O CORPO BIOLÓGICO, MAS A ESTRUTURA SUBJETIVA DE CADA INDIVÍDUO. A PSICANÁLISE PROPÕE UM DESLOCAMENTO DO FOCO PURAMENTE PERFORMÁTICO PARA UMA ESCUTA DAQUILO QUE ESCAPA À LÓGICA DO CONTROLE E DA PRODUTIVIDADE: O SOFRIMENTO PSÍQUICO, OS SINTOMAS, OS ATOS FALHOS E AS FORMAÇÕES DO INCONSCIENTE. COMO APONTA FREUD (1920), O SUJEITO É ATRAVESSADO POR FORÇAS INTERNAS QUE NEM SEMPRE RECONHECE, E ESSAS FORÇAS PULSÕES, REPRESSÕES, ANGÚSTIAS PODEM INTERFERIR DE MODO DECISIVO NO COMPORTAMENTO E DESEMPENHO ATLÉTICO.

FREUD (1920) AFIRMA: “O SINTOMA É UMA FORMAÇÃO DO INCONSCIENTE QUE REPRESENTA A SATISFAÇÃO DE UM DESEJO RECALCADO”.

A CONTRIBUIÇÃO DA PSICANÁLISE NO ESPORTE NÃO ESTÁ NA BUSCA POR MÉTODOS DE "CORREÇÃO" DE COMPORTAMENTOS, MAS NA POSSIBILIDADE DE OFERECER AO ATLETA UM ESPAÇO DE FALA E ESCUTA, ONDE ELE POSSA SIMBOLIZAR SUAS EXPERIÊNCIAS E ELABORAR SEUS CONFLITOS. JACQUES LACAN (1978) AMPLIA ESSE OLHAR AO AFIRMAR QUE O SUJEITO É UM SER DE LINGUAGEM, CONSTITUÍDO POR SUA HISTÓRIA, SEUS TRAUMAS E SEUS DESEJOS, ELEMENTOS QUE SE INSCREVEM INCLUSIVE NAS PRÁTICAS CORPORAIS E COMPETITIVAS. ASSIM, A ATUAÇÃO DO PSICANALISTA NO ESPORTE PODE AUXILIAR NA CONSTRUÇÃO DE UMA ESCUTA

DIFERENCIADA, CAPAZ DE RECONHECER O ATLETA COMO SUJEITO DIVIDIDO, E NÃO APENAS COMO MÁQUINA DE PERFORMANCE.

PORTANTO, A INSERÇÃO DA PSICANÁLISE NO CAMPO ESPORTIVO REPRESENTA UM AVANÇO NO CUIDADO INTEGRAL AO ATLETA, PERMITINDO QUE ASPECTOS SUBJETIVOS DEIXEM DE SER IGNORADOS EM NOME DA EFICIÊNCIA E PASSEM A SER CONSIDERADOS ELEMENTOS CENTRAIS NA CONSTITUIÇÃO DO RENDIMENTO, DA MOTIVAÇÃO E DA SAÚDE MENTAL. AO INTEGRAR O DISCURSO PSICANALÍTICO AOS SABERES DO ESPORTE, AMPLIA-SE A COMPREENSÃO DO HUMANO EM SUA TOTALIDADE, EVIDENCIANDO QUE CORPO E PSIQUISMO SÃO INSEPARÁVEIS NO ATO DE COMPETIR, VENCER, PERDER E PERSISTIR.

JUSTIFICATIVA

O ESPORTE, ENQUANTO FENÔMENO SOCIOCULTURAL DE AMPLA INFLUÊNCIA, ATRAVESSA NÃO APENAS O CORPO FÍSICO DO ATLETA, MAS TAMBÉM SUA CONSTITUIÇÃO PSÍQUICA E SUBJETIVA. NO ENTANTO, DURANTE DÉCADAS, O CAMPO ESPORTIVO PRIVILEGIOU ABORDAGENS TÉCNICO-BIOLÓGICAS, MARGINALIZANDO OU IGNORANDO OS ASPECTOS EMOCIONAIS, INCONSCIENTES E SIMBÓLICOS ENVOLVIDOS NA PRÁTICA ESPORTIVA. ATUALMENTE, COM O CRESCIMENTO DAS DISCUSSÕES SOBRE SAÚDE MENTAL NO ESPORTE, TORNA-SE URGENTE INCLUIR ABORDAGENS QUE CONTEMPLEM O SUJEITO EM SUA TOTALIDADE, INDO ALÉM DO RENDIMENTO E DA EFICIÊNCIA.

A PSICANÁLISE, AO PROPOR UMA ESCUTA DO INCONSCIENTE E DA SINGULARIDADE DO SUJEITO, SURGE COMO UMA FERRAMENTA INDISPENSÁVEL PARA COMPREENDER FENÔMENOS COMO BLOQUEIOS DE DESEMPENHO, AUTOSSABOTAGEM, ANGÚSTIA DIANTE DA COMPETIÇÃO, REPETIÇÕES DE FALHAS E SINTOMAS SOMÁTICOS QUE AFETAM DIRETAMENTE A VIDA ESPORTIVA. ALÉM DISSO, O ESPORTE É FREQUENTEMENTE O PALCO ONDE SE INSCREVEM FANTASIAS, IDEAIS NARCÍSICOS, CONFLITOS EDÍPICOS E TRAUMAS INFANTIS QUE, SE NÃO SIMBOLIZADOS, PODEM GERAR SOFRIMENTO PSÍQUICO PROFUNDO.

JUSTIFICA-SE, PORTANTO, O PRESENTE ESTUDO PELA NECESSIDADE DE INTEGRAR A ESCUTA PSICANALÍTICA AO CAMPO ESPORTIVO, PROPORCIONANDO UM OLHAR MAIS SENSÍVEL E ÉTICO AO SOFRIMENTO SUBJETIVO DO ATLETA. ESSA ABORDAGEM CONTRIBUI NÃO APENAS PARA O BEM-ESTAR PSÍQUICO, MAS TAMBÉM PARA A RESSIGNIFICAÇÃO DA PRÁTICA ESPORTIVA COMO ESPAÇO DE ELABORAÇÃO DE IDENTIDADE, DESEJO E POTÊNCIA HUMANA.