Curso Online de POR QUE O TREINAMENTO DE FORÇA É IMPORTANTE NA POPULAÇÃO IDOSA

Autor:

RESUMO

O ENVELHECIMENTO ESTÁ ASSOCIADO A ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS SIGNIFICATIVAS, INCLUINDO A PERDA DE MASSA MUSCULAR, FORÇA E CAPACIDADE FUNCIONAL, FENÔMENO CONHECIDO COMO SARCOPENIA. O TREINAMENTO DE FORÇA, QUANDO PRESCRITO E SUPERVISIONADO DE FORMA ADEQUADA, CONSTITUI UMA INTERVENÇÃO EFICAZ PARA RETARDAR OU REVERTER ESSES EFEITOS, PROMOVENDO GANHOS DE FORÇA, AUMENTO DA MASSA MUSCULAR E MELHORA DA DENSIDADE MINERAL ÓSSEA. ESTE TRABALHO TEM COMO OBJETIVO ANALISAR, À LUZ DA LITERATURA CIENTÍFICA, OS BENEFÍCIOS E A IMPORTÂNCIA DO TREINAMENTO RESISTIDO PARA IDOSOS, CONSIDERANDO ASPECTOS FISIOLÓGICOS, FUNCIONAIS E PSICOSSOCIAIS. FORAM ABORDADOS CONCEITOS-CHAVE, MECANISMOS DE ADAPTAÇÃO, ESTRATÉGIAS DE PRESCRIÇÃO E SEGURANÇA, RESSALTANDO QUE PROGRAMAS INDIVIDUALIZADOS PODEM IMPACTAR POSITIVAMENTE NA AUTONOMIA, NA PREVENÇÃO DE QUEDAS E NA QUALIDADE DE VIDA. CONCLUI-SE QUE O TREINAMENTO DE FORÇA É NÃO APENAS SEGURO, MAS ESSENCIAL PARA O ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL, DEVENDO SER AMPLAMENTE INCENTIVADO EM POLÍTICAS PÚBLICAS E PRÁTICAS CLÍNICAS.

PALAVRAS-CHAVE: TREINAMENTO DE FORÇA; ENVELHECIMENTO; SARCOPENIA; QUALIDADE DE VIDA; SAÚDE DO IDOSO.

INTRODUÇÃO

O ENVELHECIMENTO POPULACIONAL É UM FENÔMENO GLOBAL, CARACTERIZADO PELO AUMENTO DA EXPECTATIVA DE VIDA E PELA REDUÇÃO DAS TAXAS DE NATALIDADE, RESULTANDO EM UM NÚMERO CRESCENTE DE PESSOAS COM MAIS DE 60 ANOS. SEGUNDO A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS), O NÚMERO DE IDOSOS NO MUNDO DEVE ULTRAPASSAR 2 BILHÕES ATÉ 2050, O QUE REPRESENTA UM DESAFIO SIGNIFICATIVO PARA OS SISTEMAS DE SAÚDE, ESPECIALMENTE NO QUE SE REFERE À MANUTENÇÃO DA AUTONOMIA FUNCIONAL E DA QUALIDADE DE VIDA (WHO, 2020).
Um estudo de 2022 conclui que o treinamento de força (resistido) é mais eficaz que exercícios cardiovasculares ou de baixa intensidade para aumentar força e hipertrofia em idosos

Uma revisão integrativa de 2020 mostrou que o treinamento de força melhora massa muscular, funcionalidade, composição corporal e até o estado cognitivo em idosos

Além disso, em 2025, estudos determinaram parâmetros ideais de treino (frequência, intensidade, volume) para melhorar a força de preensão manual em idosos com sarcopenia

DURANTE O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO, OCORREM MUDANÇAS FISIOLÓGICAS SIGNIFICATIVAS, COMO A REDUÇÃO DA MASSA E FORÇA MUSCULAR CONDIÇÃO CONHECIDA COMO SARCOPENIA , DIMINUIÇÃO DA DENSIDADE MINERAL ÓSSEA, ALTERAÇÕES NA COORDENAÇÃO MOTORA E NO EQUILÍBRIO, ALÉM DE MAIOR VULNERABILIDADE A QUEDAS E FRATURAS (CRUZ-JENTOFT ET AL., 2019). ESSAS MODIFICAÇÕES NÃO APENAS COMPROMETEM A FUNCIONALIDADE FÍSICA, MAS TAMBÉM AUMENTAM O RISCO DE MORBIDADES, HOSPITALIZAÇÕES E DEPENDÊNCIA.

O TREINAMENTO DE FORÇA, TAMBÉM DENOMINADO TREINAMENTO RESISTIDO, É AMPLAMENTE RECONHECIDO COMO UMA DAS INTERVENÇÕES MAIS EFICAZES PARA ATENUAR E ATÉ REVERTER ALGUNS DESSES DECLÍNIOS FISIOLÓGICOS ASSOCIADOS À IDADE. EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS DEMONSTRAM QUE INDIVÍDUOS IDOSOS, MESMO EM IDADE AVANÇADA, SÃO CAPAZES DE OBTER GANHOS SIGNIFICATIVOS DE FORÇA, POTÊNCIA MUSCULAR E MASSA MAGRA QUANDO SUBMETIDOS A PROGRAMAS DE TREINAMENTO ADEQUADAMENTE ESTRUTURADOS (FRAGALA ET AL., 2019; PETERSON ET AL., 2010). ESSES GANHOS REFLETEM DIRETAMENTE NA MELHORIA DO DESEMPENHO EM ATIVIDADES DA VIDA DIÁRIA, COMO LEVANTAR-SE DE UMA CADEIRA, SUBIR ESCADAS E CARREGAR OBJETOS, CONTRIBUINDO PARA MAIOR INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL (FIATARONE SINGH ET AL., 2014).

ALÉM DOS BENEFÍCIOS MUSCULOESQUELÉTICOS, O TREINAMENTO DE FORÇA TAMBÉM PROMOVE MELHORIAS NA SAÚDE CARDIOVASCULAR, NO METABOLISMO DA GLICOSE, NA DENSIDADE MINERAL ÓSSEA E NA SAÚDE MENTAL, PODENDO REDUZIR SINTOMAS DE DEPRESSÃO E ANSIEDADE (WESTCOTT, 2012). PROGRAMAS REGULARES DE EXERCÍCIOS RESISTIDOS, ESPECIALMENTE QUANDO COMBINADOS COM EXERCÍCIOS DE EQUILÍBRIO E FLEXIBILIDADE, TÊM MOSTRADO REDUZIR O RISCO DE QUEDAS EM ATÉ 30% ENTRE IDOSOS QUE VIVEM NA COMUNIDADE (SHERRINGTON ET AL., 2019).
A literatura indica que a combinação de treinamento de força com exercícios de equilíbrio é eficaz na redução do risco de quedas em idosos (Sherrington et al., 2019).

DIRETRIZES INTERNACIONAIS, COMO AS DO AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE (ACSM) E DA NATIONAL STRENGTH AND CONDITIONING ASSOCIATION (NSCA), RECOMENDAM QUE IDOSOS REALIZEM SESSÕES DE TREINAMENTO DE FORÇA DE 2 A 3 VEZES POR SEMANA, ENVOLVENDO OS PRINCIPAIS GRUPOS MUSCULARES, COM INTENSIDADES PROGRESSIVAMENTE AJUSTADAS PARA OTIMIZAR GANHOS E GARANTIR SEGURANÇA (ACSM, 2009; NSCA, 2019). A PRESCRIÇÃO DEVE SER INDIVIDUALIZADA, LEVANDO EM CONSIDERAÇÃO O NÍVEL DE APTIDÃO FÍSICA, CONDIÇÕES CLÍNICAS E EVENTUAIS LIMITAÇÕES FUNCIONAIS DO PRATICANTE, A FIM DE MAXIMIZAR OS BENEFÍCIOS E MINIMIZAR RISCOS.

DESSA FORMA, O TREINAMENTO DE FORÇA, QUANDO BEM ORIENTADO E ADAPTADO ÀS NECESSIDADES INDIVIDUAIS, CONSTITUI UMA ESTRATÉGIA ESSENCIAL PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE, PREVENÇÃO DE INCAPACIDADES E MANUTENÇÃO DA AUTONOMIA NA POPULAÇÃO IDOSA, ASSUMINDO PAPEL CENTRAL NAS POLÍTICAS PÚBLICAS E NAS PRÁTICAS CLÍNICAS DE SAÚDE E EXERCÍCIO FÍSICO.

JUSTIFICATIVA

O AUMENTO DA LONGEVIDADE HUMANA REPRESENTA UMA CONQUISTA SOCIAL E CIENTÍFICA, MAS TAMBÉM IMPÕE DESAFIOS RELEVANTES PARA OS SISTEMAS DE SAÚDE E PARA A MANUTENÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DA POPULAÇÃO IDOSA. O ENVELHECIMENTO, EMBORA SEJA UM PROCESSO NATURAL, ESTÁ FREQUENTEMENTE ASSOCIADO A DECLÍNIOS FUNCIONAIS QUE COMPROMETEM A AUTONOMIA E A INDEPENDÊNCIA. ENTRE ESSAS ALTERAÇÕES, A SARCOPENIA CARACTERIZADA PELA PERDA PROGRESSIVA DE MASSA MUSCULAR, FORÇA E FUNÇÃO FÍSICA SE DESTACA COMO UM DOS FATORES MAIS CRÍTICOS PARA A PERDA DE CAPACIDADE FUNCIONAL EM IDOSOS (CRUZ-JENTOFT ET AL., 2019).

ESSA CONDIÇÃO, SOMADA À REDUÇÃO DA DENSIDADE MINERAL ÓSSEA, ALTERAÇÕES NEUROMUSCULARES E RISCO AUMENTADO DE QUEDAS, IMPACTA DIRETAMENTE A CAPACIDADE DE REALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES DA VIDA DIÁRIA, GERANDO DEPENDÊNCIA DE TERCEIROS, ISOLAMENTO SOCIAL E AUMENTO DA VULNERABILIDADE A DOENÇAS CRÔNICAS (PETERSON ET AL., 2010; SHERRINGTON ET AL., 2019). DADOS EPIDEMIOLÓGICOS APONTAM QUE QUEDAS REPRESENTAM UMA DAS PRINCIPAIS CAUSAS DE MORBIDADE E MORTALIDADE NA POPULAÇÃO IDOSA, ALÉM DE SEREM RESPONSÁVEIS POR CUSTOS ELEVADOS AOS SISTEMAS DE SAÚDE (WHO, 2020).

NESSE CONTEXTO, O TREINAMENTO DE FORÇA SURGE COMO UMA INTERVENÇÃO NÃO FARMACOLÓGICA, SEGURA E DE BAIXO CUSTO RELATIVO, COM CAPACIDADE DE ATENUAR E ATÉ REVERTER PERDAS MUSCULARES E FUNCIONAIS ASSOCIADAS AO ENVELHECIMENTO. ESTUDOS INDICAM QUE PROGRAMAS BEM ESTRUTURADOS, MESMO EM INDIVÍDUOS MUITO IDOSOS OU FRÁGEIS, PROPORCIONAM AUMENTOS SIGNIFICATIVOS DE FORÇA, POTÊNCIA E MASSA MUSCULAR, ALÉM DE MELHORIAS NO EQUILÍBRIO, COORDENAÇÃO E DESEMPENHO FUNCIONAL (FRAGALA ET AL., 2019; FIATARONE SINGH ET AL., 2014).

PORTANTO, INVESTIGAR E FUNDAMENTAR CIENTIFICAMENTE A APLICAÇÃO DO TREINAMENTO DE FORÇA NA POPULAÇÃO IDOSA É FUNDAMENTAL PARA EMBASAR POLÍTICAS PÚBLICAS, PROTOCOLOS CLÍNICOS E DIRETRIZES DE PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS, GARANTINDO QUE MAIS INDIVÍDUOS ENVELHEÇAM DE FORMA ATIVA, AUTÔNOMA E SAUDÁVEL.

OBJETIVO GERAL

ANALISAR E DISCUTIR OS FUNDAMENTOS TEÓRICOS, AS EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS E AS RECOMENDAÇÕES PRÁTICAS SOBRE O TREINAMENTO DE FORÇA PARA IDOSOS, CONSIDERANDO SEUS IMPACTOS NA FORÇA MUSCULAR, NA CAPACIDADE FUNCIONAL, NA PREVENÇÃO DE QUEDAS E NA QUALIDADE DE VIDA.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

DESCREVER AS PRINCIPAIS ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E FUNCIONAIS DECORRENTES DO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO, COM ÊNFASE NA SARCOPENIA E SUAS IMPLICAÇÕES.

APRESENTAR AS EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS SOBRE OS EFEITOS DO TREINAMENTO DE FORÇA NA MELHORIA DA FORÇA, POTÊNCIA MUSCULAR E MASSA MAGRA EM IDOSOS.

EXAMINAR O PAPEL DO TREINAMENTO DE FORÇA NA PREVENÇÃO DE QUEDAS E NA MANUTENÇÃO DO EQUILÍBRIO POSTURAL NA POPULAÇÃO IDOSA.

DISCUTIR AS RECOMENDAÇÕES DE ORGANISMOS INTERNACIONAIS E SOCIEDADES CIENTÍFICAS (ACSM, NSCA, WHO) PARA A PRESCRIÇÃO SEGURA E EFICAZ DO TREINAMENTO DE FORÇA EM IDOSOS.

PROPOR DIRETRIZES PRÁTICAS PARA A ELABORAÇÃO DE PROGRAMAS DE TREINAMENTO DE FORÇA ADAPTADOS ÀS NECESSIDADES E LIMITAÇÕES DESSA POPULAÇÃO.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1. PROCESSO DE ENVELHECIMENTO E ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS

O ENVELHECIMENTO HUMANO É UM PROCESSO NATURAL, PROGRESSIVO E MULTIFATORIAL, CARACTERIZADO POR MUDANÇAS BIOLÓGICAS, FUNCIONAIS E ESTRUTURAIS QUE AFETAM DIVERSOS SISTEMAS DO ORGANISMO. NO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO, DESTACA-SE A SARCOPENIA, DEFINIDA COMO A PERDA PROGRESSIVA E GENERALIZADA DE MASSA MUSCULAR E FORÇA, ASSOCIADA AO AUMENTO DA INCAPACIDADE FÍSICA, RISCO DE QUEDAS E MORTALIDADE (CRUZ-JENTOFT ET AL., 2019).
Segundo Cruz-Jentoft et al. (2019, p. 18), “a sarcopenia é caracterizada pela perda progressiva e generalizada da massa e da força muscular, que aumenta o risco de resultados negativos para a saúde”.

ESSA REDUÇÃO DA MASSA MUSCULAR É INFLUENCIADA POR FATORES COMO DIMINUIÇÃO DA SÍNTESE PROTEICA, ALTERAÇÕES HORMONAIS (QUEDA NOS NÍVEIS DE TESTOSTERONA, GH E IGF-1), INFILTRAÇÃO DE GORDURA INTRAMUSCULAR E DEGENERAÇÃO DAS UNIDADES MOTORAS (MITCHELL ET AL., 2012). ALÉM DISSO, HÁ UM PREDOMÍNIO DE PERDA DE FIBRAS DO TIPO II (RÁPIDAS), ESSENCIAIS PARA A PRODUÇÃO DE POTÊNCIA E EXECUÇÃO DE MOVIMENTOS EXPLOSIVOS (LEXELL, 1995).

TAIS ALTERAÇÕES COMPROMETEM A CAPACIDADE FUNCIONAL, ENTENDIDA COMO A HABILIDADE DE REALIZAR DE FORMA INDEPENDENTE AS ATIVIDADES DA VIDA DIÁRIA (AVDS), IMPACTANDO DIRETAMENTE NA AUTONOMIA E NA QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS (PETERSON ET AL., 2010).

De acordo com Peterson et al. (2010), o treinamento de força resulta em ganhos expressivos de força muscular em idosos, independentemente do sexo e estado funcional inicial.